ESCREVER'

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é preciso doer

é preciso que doa

que arda e queime fortemente

a pele

a alma

e que se turve a visão

que mude as extremidades

a temperatura dos trópicos

que se invertam os polos

que se aprofunde o abismo,

caso queiras escrever

uma frase ou

um poema,

ou dissertar sobre um sentimento;

qualquer sentimento;

é preciso coragem e força

coragem para agir e força para suportar a correnteza, caso se rompa qualquer rio.

é preciso acreditar, crer ou ter fé

e focar nos objetivos que também são sonhos

é preciso saber que uma vez escrito, está escrito.

pode-se apagar do papel, mas nunca se apagará da memória

então, se queres escrever, que sejas verdadeiro

e tudo seja verdade

não há recuo quando se escreve

nem desvio

nem sombras

só registros da própria história

Margarida Di

galhos desnudos sentem frio,

árvores sem galhos sentem dor?

Margarida Di

 

essa é uma janela aberta sem abrir

Margarida Di

 

pequeno monólogo:

tu:

barcos voam?

eu: 

voam.

Margarida Di

                                                        

 para o dia de Hoje

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→nasci pra ser plateia

e palco da minha própria vida.

→nasci para aplaudir

o que me toca a alma

o que alcanço

os que alcançam

e os que andam movidos pela tarja da indiferença

→nasci para viver

a alegria

as manhãs

e toda escuridão das noites desprovidas de estrelas

→nasci para amar

o que amei

e o que amo

aquele sentimento que provoca erosões na alma

tão necessário enquanto vida

→nasci para reverenciar

aquele coração que me "embalou"

e que me fez ver o abismo de todas as distâncias

o carinho aqui, único e especial, pela alma que é,

pela imagem cuja beleza idealizei

e por todas as dúvidas e certezas que o levam a cultivar o deserto humano dentro do seu próprio peito.

plateia

palco

amor

reverência

enquanto vida!

Margarida Di

 

o sorriso muda a paisagem.

Margarida Di

Phan Thu Trang

(uma vietnamita, nascida em Hanói)

wonderful

amazing

 divinamente belo

a brancura do mar

asas a voar

Margarida Di

onde há luz, há vida.

Margarida Di

foto de martin zalba

almas não morrem.

Margarida Di

George Corominas 

(1945. Argélia)

nada é para sempre.

Margarida Di 

       Scott Mattlin 

(b.1956, NY)

 

                                                                   Scott Mattlin     

(b.1956, NY)

Scott Mattlin

(b.1956, NY)

onde o vento sopra,
onde os pássaros cantam,
onde, nas noites, os grilos fazem a festa,
onde as borboletas bailam, nas manhãs
onde os galos acordam as casas
e as chaminés dão sinais de existência (humana)
onde os bichos livres, caminham pelos prados
onde as flores se abrem e se alimentam do orvalho
onde tudo é cristalino e puro como a fonte que jorra
onde há vida simples, sem qualquer ostentação...
só pode haver poesia com som de eternidade
porque eterno é tudo que fica, 
que marca, como qualquer cicatriz na pele ou na alma, 
que não se apaga,
que é 

e que sempre será.
Margarida Di

nalgum lugar do mundo 

há um rio,

uma ponte,

um abrigo

há um céu 

às vezes azul, às vezes empoeirado

e há um coração que,

naturalmente, pulsa ou bate como um relógio de qualquer parede

(física ou imaginária)

há ventos que sopram e manhãs que despertam

há mãos que tocam a pele ou 

toca a distância

nalgum lugar do mundo,

há um rio.

Margarida Di

"a impossível tarefa humana" 

ouço as borboletas, tão grande o silêncio.

Margarida Di

há coisas que resistem ao tempo

Margarida Di

a plenitude de todas as janelas

Margarida Di

faltam palavras, sobram silêncios.
Margarida Di

ps: momentos assim...
"REZA COMIGO"
____digo a mim mesma
- fuja dos infortúnios da terra, ou seja, das depressões, das erosões, dos declives, aclives...porque a alma também se verga
diante de tanto horror
______peço a mim mesma
- o fortalecimento do meu juízo, porque com um juízo são o meu corpo também será são
______peço aos meus olhos
a doce visão da manhã, de cada manhã, porque se meus olhos abraçam a beleza do dia que começa, meu dia será do mesmo modo maravilhoso
______peço a minha boca o silencio em momentos tantos, onde não convém o barulho indigesto.
______rogo ao meu coração a ternura, quando e se por ventura, ao abrir a janela, me depare com a indiferença.
que eu seja capaz de renovar o ar que respire e dar uma nova atmosfera a janela que me "abriga"
______abençoo as minhas mãos que deslizam sobre qualquer "superfície" travando um diálogo mudo entre meu coração e eu.
______suplico a minha alma a aceitação de tantas almas que enfraquecidas tiram a vida do seu próprio corpo
QUE VIVER seja uma prece diária, constante e perene feito a água de todos rios
QUE ENQUANTO eu viver, que eu viva (ao meu modo)
QUE A MINHA "metade" esteja dentro da minha própria casa, nunca fora das paredes.
QUE O MEU ABRIGO seja aquele que me estendam os braços e me acolha nos momentos em que, de alguma forma, o céu estremecer
AMÉM!
Margarida Di
Recife,PE, Brasil, 13 de Janeiro de 2020