AGOSTO
tanto me permito, quanto me abstenho
de ver o que me cega
de ouvir o que me ensurdece
de agradecer o que me conforta e o que me desalinha
forçosamente ouço o que ouço sem contudo ingerir o que não sacia
refaço trilhas, caminhos, vielas, quando o burburinho me impede de ir
pulo pontes para atravessar o rio
e muros me são travessia
nas gaiolas não me abatem a tristeza, já que é dentro o maior impulso
o ir e vir faz parte do trajeto
o ir do nunca mais, jamais existiu uma vez que fazemos parte de um mesmo trajeto e travamos basicamente as mesmas batalhas, embora com armas diferentes.
e assim tanto me permito quanto me abstenho
de olvidar do calor que recebo, dos toques que me acalmam, e dos sorrisos que mudam a paisagem
por fim a dádiva, de ser, estar permanecer.
Margarida Di